Cresci frequentando centros espíritas. Princípios como reencarnação e livre arbítrio sempre fizeram parte do meu dia-a-dia. Principalmente porque minha mãe fazia questão de termos em casa momentos de estudo da doutrina de Allan Kardec, com a leitura semanal do Evangelho Segundo o Espiritismo juntamente com um dos demais livros codificados pelo autor.
Durante todos esses anos de estudos, foi inserida em mim a crença (limitante) de que mediunidade é um dom que somente alguns poucos escolhidos possuem. E que, assim como esse dom lhes é dado, também pode ser tirado caso o médium não aja de acordo com os princípios de boa conduta pré-determinados nas escrituras.
Sendo assim, envelheci com a certeza de que não sou médium, nunca serei médium e que ver e ouvir coisas era algo com o qual eu não precisava me preocupar, pois não era uma condição que estivesse no meu caminho. Isso até eu entrar de forma séria e comprometida na Umbanda.
Quando eu tomei conhecimento de que o meu processo de expansão da consciência havia se iniciado, também descobri que qualquer um de nós poderia ter contato com a espiritualidade. Pois a mediunidade é uma faculdade inerente a nós, seres humanos. Apenas nos esquecemos dela por conta do véu a que somos submetidos no momento da reencarnação.
E assim tive meu primeiro contato consciente com a espiritualidade quando aprendi a meditar. E, quando isso se tornou um hábito, entendi que poderia acessar os seres do plano etéreo no momento que quisesse, pois tenho essa capacidade. Mas eu ainda descobriria que o estreitamento com a espiritualidade vai muito além disso.
MEDIUNIDADE NÃO É UM DOM PARA POUCOS ESCOLHIDOS
Ao me tornar parte da corrente mediúnica do terreiro de Umbanda do qual faço parte, abri uma porta que me levou à um processo intenso e diário de estudos e auto aperfeiçoamento, onde o orai e vigiai faz parte de cada minuto do meu dia. E agora tenho acesso à uma espiritualidade que está comigo o tempo todo, me orientando, cuidando e chamando a atenção também, porque o que os guias sabem fazer de melhor é corrigir suas falhas e te mostrar onde você precisa melhora
E como eu sei que são espíritos falando dentro da minha cabeça e não eu? Hoje já consigo distinguir a forma como as coisas são ditas. Uns são mais carinhosos ao me corrigir, outros falam de forma mais incisiva e às vezes até braba. Mas sempre são mensagens que afetam positiva e diretamente o meu aperfeiçoamento moral e espiritual.
E porque eu quis compartilhar isso com vocês? Porque infelizmente algumas transmissões doutrinárias criam barreiras que nos fazem crer que não somos merecedores de um dom que, na verdade já temos desde sempre. Assim, nos tiram o direito de saber que somos capazes de criar laços fortíssimos com a espiritualidade que nos acompanha e protege.
Sendo assim, mediunidade não é um dom para poucos escolhidos. Todos somos médiuns. Basta aceitar essa condição e buscar um lugar sério que te ajude a desenvolver o que sempre esteve aí dentro de você.
O PROBLEMA ESTÁ NO EGO, E NÃO NESSA OU NAQUELA DOUTRINA
Quando eu frequentava centros espíritas, há décadas atrás, eu já tinha a vontade de trabalhar com a espiritualidade, considerando toda a carga de conhecimento que a própria Doutrina Espírita me trouxe sobre a necessidade de praticar a caridade e o amor ao próximo estando encarnados. E também sobre a necessidade de estreitamento com os planos superiores, a fim de ajudar irmãos desencarnados em condições de sofrimento.
Porém, sempre fui limitada à acessar a espiritualidade (nos lugares que eu estive, não estou dizendo que todo centro espírita é assim!). O mais perto que cheguei foi quando entrei para um grupo de estudo mediúnico, mas passei mais de ano somente na teoria. E quando alguém questionava sobre o início da prática, éramos informados de que isso levava tempo e exigia muito conhecimento para que fosse “permitido” seguir adiante.
Mas a espiritualidade está aí para quem quiser ver e aprender. Os livros codificados por Allan Kardec são valiosíssimos, principalmente por serem um material técnico narrado por espíritos superiores da forma mais didática possível, assim como Seth Fala – A Eterna Validade da Alma de Jane Roberts, Nos Domínios da Mediunidade psicografado por Chico Xavier e tantos outras obras que explicam como funcionam os mecanismos da mediunidade tanto no plano físico como no plano espiritual.
E onde está o problema então? Em nós! O problema está no nosso ego, esse que temos o dever de eliminar todos os dias, mas que nem sempre nos permite vencer o bom combate. É nesse ponto que quero chegar com meu testemunho. Se em algum momento da minha jornada fui impedida de iniciar meu desenvolvimento mediúnico, a espiritualidade nada teve a ver com isso. Quem botou empecilhos foram os seres humanos que estavam ali comigo naquela fase da minha jornada.
Então, que fique muito claro que quando eu digo que algumas doutrinas nos podam em determinadas ações que irão interferir diretamente na nossa ascensão espiritual, refiro-me à quem dissemina esses ensinamentos aqui no nosso plano e não à Kardec. Falo de pessoas que deveriam ser responsáveis por ajudar o desenvolvimento da espiritualidade neste plano e não o fazem. E não vou entrar nos motivos que os impedem de fazer, pois não cabe a mim julgar a conduta de cada um.
Entendo que a espiritualidade é uma só, e que ela trabalha da mesma forma seja lá qual for a sua religião. O objetivo também é apenas um: o nosso despertar espiritual e a união de todos para que sejamos partes da luz que irá vencer as trevas. Somos partes de Deus e carregamos a Centelha Divina dentro de nós, e quanto mais pudermos nos unir, menos forças as trevas terão.
- O que ninguém te fala sobre mediunidade - 15/10/2024