Feliz Ano Novo das Bruxas! Sim, hoje, o famoso e popular “Dia das Bruxas” na cultura de língua inglesa, é um momento muito especial e considerado o “Ano Novo” da tradição Wicca.
O Samhain é uma tradição antiga com origens na cultura celta, celebrada especialmente na Irlanda, Escócia e outras partes da Europa, e que deu origem ao que conhecemos hoje como Halloween. Essa festa marcava o final da colheita e o início do inverno no hemisfério norte, simbolizando o “Ano Novo Celta”.
Samhain, que significa “fim do verão”, era celebrado entre os dias 31 de outubro e 1º de novembro e possuía um simbolismo poderoso. Esse festival marcava o fim da colheita e o início do inverno, simbolizando uma transição entre a “metade clara” e a “metade escura” do ano.
Os povos celtas acreditavam que, nesse período, o “véu” entre o mundo dos vivos e o dos mortos estava mais fino, permitindo o contato com o mundo espiritual e o retorno das almas dos antepassados para o “mundo dos vivos”. Essa é a origem da tradição de usar fantasias no Dia das Bruxas.
Do Samhain para o Halloween
É que os celtas tinham várias práticas para lidar com essa “abertura” para o mundo dos espíritos. Uma delas consistia em as pessoas vestir peles de animais e usar máscaras para enganar os espíritos. Acreditava-se que esse “disfarce” impedia indesejados com seres sobrenaturais, incluindo as fadas, conhecidas como Aos Sí. E foi esse costume de se disfarçar que inspirou a tradição moderna das fantasias de Halloween.
Outra forma de proteção contra os espíritos consistia em apagar as fogueiras nas casas e acender fogueiras em pontos altos, onde animais eram sacrificados para aplacar a fúria dos espíritos. Também era comum levar brasas dessas fogueiras para casa, a fim de usá-las para acender o fogo que aqueceria o lar durante todo o inverno.
Quando o Império Romano conquistou e colonizou o território celta em 43 d.C., muitas tradições celtas foram mescladas e adaptadas às tradições romanas, como a Feralia, uma festividade no final de outubro em que os romanos homenageavam os mortos. Uma das tradições incorporadas à tradição romana foi o Samhain.
Com a chegada do Cristianismo, a Igreja tentou cristianizar a celebração de Samhain. Em 13 de maio de 609 d.C., o Papa Bonifácio IV dedicou o Panteão ao Dia de Todos os Mártires. O Papa Gregório III posteriormente ampliou essa comemoração para incluir todos os santos e transferiu a data para 1º de novembro. No século IX, a influência da Igreja Católica já estava presente em várias regiões celtas, e, assim, essa celebração foi integrada a festividades celtas como o Samhain.
Acredita-se que a igreja tentou substituir a festividade celta por uma celebração sancionada pela Igreja. Em 1000 d.C., a Igreja instituiu o Dia de Finados em 2 de novembro. As celebrações desse dia incluíam fogueiras e fantasias, semelhantes às tradições do Samhain. O Dia de Todos os Santos era chamado de All-hallows ou All-hallowmas (do inglês médio Alholowmesse). A noite anterior, 31 de outubro, era chamada de All-hallows eve, que eventualmente se tornou Halloween.
A celebração de Samhain incluía outras práticas curiosas. O “dumb supper”, um jantar em silêncio, era feito em honra aos mortos, com lugares reservados à mesa para os antepassados. A tradição irlandesa de esculpir nabos com rostos assustadores para afastar espíritos malignos também foi incorporada e, ao ser levada pelos imigrantes para os Estados Unidos, passou a ser feita com abóboras, muito mais abundantes por lá.
O conceito de “doces ou travessuras” também tem raízes nas práticas de Samhain. Na Irlanda antiga, oferendas de alimentos eram deixadas nas portas para apaziguar espíritos e fadas. Quem se mostrasse pouco generoso poderia acabar alvo de travessuras por essas entidades. Esse costume evoluiu nos EUA, tornando-se o “trick or treat”, em que crianças vestidas com fantasias pedem doces de porta em porta.
O resgate das antigas tradições
A tradição do Samhain, uma antiga celebração celta que marca o fim da colheita e o início do inverno, tem ressurgido com força dentro da moderna cultura Wicca. Celebrado por comunidades como Wiccans, druidas e outros neopagãos, Samhain agora integra o ciclo dos “Sabbats” na Roda do Ano, que abrange datas importantes para as mudanças sazonais e espirituais.
Hoje, Halloween é uma celebração global, mas suas raízes celtas ainda são visíveis nos rituais e simbolismos. Apesar da adaptação moderna, Halloween continua a ser um momento de lembrar o passado, celebrar a transição das estações e reconhecer, de forma simbólica e lúdica, a presença de forças além do nosso mundo. Outro ponto central para os Wiccans é a “Roda do Ano”, um ciclo anual que representa o fluxo contínuo de nascimento, morte e renascimento, alinhado com as estações.
O Samhain atualmente é considerado o “Ano Novo das Bruxas”, e os praticantes fazem rituais introspectivos, relembrando os que partiram e planejando novas metas para o ciclo que se inicia. Nos rituais, geralmente conduzidos em covens (grupos de bruxas), o círculo sagrado é criado através da invocação dos quatro elementos — terra, água, fogo e ar — e divindades. As cerimônias podem incluir a colocação de oferendas em um altar, que representa a presença espiritual e a gratidão aos mortos.
O Samhain moderno não se limita a rituais fechados, pois muitos grupos realizam cerimônias públicas onde pessoas interessadas podem participar. Em muitas dessas celebrações, é comum que as pessoas se purifiquem antes de entrar no círculo sagrado, sendo defumadas com incensos ou ungidas com óleos. Esse ato de limpeza simboliza a entrada de “boa fé” e a preparação espiritual, uma prática que permite uma conexão mais profunda com o propósito do ritual.
Além de honrar os mortos, Samhain é um momento de introspecção e planejamento, onde os praticantes analisam o ano anterior e formulam novas intenções para o próximo. Muitos Wiccans veem o Samhain como uma oportunidade de equilíbrio entre o mundo visível e invisível, e como uma ponte entre o passado e o futuro. Essa ênfase na harmonia e na continuidade espiritual reflete a influência do paganismo celta na Wicca moderna, que abraça práticas antigas com um toque contemporâneo, mantendo viva a essência da espiritualidade ancestral
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