(Nota dos editores: conforme verbete correspondente da Wikipedia, Lilith “é uma figura feminina nas mitologias Judaica e da Mesopotâmia, interpretada por alguns como sendo a primeira esposa de Adão, criada ao mesmo tempo e da mesma forma que ele, e apresentada em diversos mitos e narrativas como uma personagem demoníaca primordial, ou um arquétipo na demonologia judaica e da Babilônia.”)

Lilith e a astrologia

Lilith, em Astrologia, simboliza sombra, desejos reprimidos, conteúdos infantis não elaborado.

Quando ela se envolve em um eclipse solar, especialmente em Libra — signo do equilíbrio, justiça e relacionamentos —, somos chamados a confrontar desequilíbrios internos e externos, principalmente nas nossas relações e no modo como lidamos com a dualidade entre o “eu” e o “outro”.

Embora Lilith esteja relacionada à sombra e àquilo que não vemos (é um ponto-cego em nossos mapas), ela também é sobre libertação. Na mitologia cristã, ela sai fora daquele “paraíso” proposto. Este eclipse pode ser um chamado para nos libertarmos de padrões de submissão, especialmente em relacionamentos onde nos sentimos reprimides, castrades, sem poder.

Lilith e a psicanálise

Em psicanalise, Lilith pode se associar a partes de nossa psique que foram negligenciadas ou suprimidas. Ou melhor: recalcadas!

Lilith em Astrologia e o conceito de recalque em Psicanálise tratam de aspectos reprimidos da psique. Lilith simboliza o “lado não-iluminado”, os desejos e impulsos que rejeitamos ou suprimimos – as tais das sombras jungiianas, enquanto o recalque é o mecanismo pelo qual o inconsciente “esconde” certos conteúdos (desejos, traumas, memórias) que o consciente não consegue lidar. Tanto a Lilith quanto o recalque estão exilados.

Lilith é o símbolo astrológico desse lado exilado de nós, enquanto o recalque psicanalítico descreve o processo que faz com que esses conteúdos sejam empurrados para fora da consciência.

Estátua babilônica em terracota, a 2 000 a.C. - 1 500 a.C.
Estátua babilônica em terracota, a 2 000 a.C. – 1 500 a.C.

E o que é reprimido, volta. Como? Através dos sintomas, das repetições, daqueles comportamentos…Quando acionada por trânsitos, sobretudo as conjunções, a Lilith nos impele a iluminar aquele ponto-cego. Já o retorno do recalcado nos confronta com aquilo que evitamos, seja por meio de sintomas, lapsos, atos falhos, chistes e/ou sonhos

Lilith busca liberar a energia reprimida, nos empurrando para abraçar aspectos mais profundos de nós mesmos. Sem integrar a Lilith fica difícil fazer a individuação. O recalque, ao ser trabalhado em análise, também leva a uma espécie de libertação, onde acoplamos as partes e ampliamos nossa totalidade psíquica. É preciso iluminar! E eclipse, apesar de indicar a interrupção total ou parcial de luz, ajuda muito neste processo. “É que fica claro que é o escuro que vem para mostrar”.

Arthur Tadeu Curado